terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Regras e Limites na Educação Parental




Caros(as) leitores(as) comecemos por falar de família , pois é o primeiro lugar onde uma pessoa se desenvolve. Podemos considera-la como um sistema que integra vários subsistemas como o Individual, o Conjugal, o Parental, o Filial e o Fraternal. Ou seja, o que acontece com um dos seus membros, afeta todos os restantes e o que cada um faz tem resultados em todos os outros.
A família tem várias funções como a Proteção, Cuidados Básicos e a Educação, esta última transmite aos nossos filhos os Valores, Crenças, Costumes, Regras e Comportamentos que estes devem adquirir para viverem adequadamente na sociedade onde se inserem.
Posto isto, surgem frequentemente por parte dos pais/cuidadores as seguintes perguntas que hoje partilho convosco.

Como aprendem as nossas crianças?
Aprendem por observação e imitação de comportamentos, por experiência e por instrução de regras por parte dos pais/cuidadores.

O que é necessário para que as nossas crianças aprendam?
As nossas crianças aprendem devido a um conjunto de variáveis das quais vou só mencionar as que considero mais importantes para as crianças que não apresentam problemas cognitivos.
A nível ambiental é importante que as nossas crianças se movimentem num ambiente limpo, seguro, organizado e onde existam rotinas implementadas.
Os pais/cuidadores têm que ser um modelo comportamental positivo para as suas crianças, o que se pode resumir na expressão “Faz aquilo que eu faço.”

É de suma importância estabelecer regras e limites com clareza, coerência e consistência (não deixe que os seus filhos o vençam pelo cansaço).
Depois de estabelecidas as regras deve o adulto monitorizar os comportamentos das crianças e aplicar logo após o comportamento um reforço positivo ou uma consequência lógica.

Reforço positivo significa, elogiar a criança após o comportamento correto.
Quando falamos em consequências lógicas soa um pouco estranho, mas acho que se dermos exemplos será mais fácil compreendermos, uma consequência lógica é aquilo a que os nossos pais chamavam de “castigo”, por exemplo:

        Se a criança se recusa a comer ao jantar, então fica sem sobremesa.

   Se a criança fizer birra para não arrumar os brinquedos, então fica sem o seu brinquedo preferido durante esse dia.

    Se não arrumar a bicicleta no sítio, então não volta a andar nesse dia ou no dia seguinte.

As consequências lógicas devem ser aplicadas logo após o comportamento errado ou sem grande demora, para que a criança possa associar essa consequência a esse comportamento e consequentemente aprender que não o deve repetir. É importante desaprovar o comportamento e não a criança.

Falando mais especificamente sobre Regras e Limites na Educação Parental, podemos afirmar que as Regras são normas impostas, pelos pais/cuidadores aos filhos. Alguns exemplos, “À hora da refeição, temos que comer todos juntos à mesa” e “Não se vê televisão à hora da refeição”.

O Limite assinala e mostra até onde nós ou o outro pode ir, sem nos fazer mal e/ou causar sofrimento. Por isso mesmo devemos, como pais/cuidadores, impor limites aos nossos filhos(as), devemos ensinar que os direitos são iguais para todos, que existem outras pessoas no mundo, devemos fazer a criança compreender que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros.

Devemos dizer “sim” sempre que nos é possível e “não” sempre que é necessário e existir uma razão concreta para tal. Para, nós adultos, sermos capazes de transmitir as Regras e os Limites, implica sermos nós capazes de os aceitar.  

As Regras e os Limites devem ser primeiramente explicados brevemente à criança, posteriormente devem ser colocados repetidas vezes, com paciência, progressivamente, com linguagem adequada à idade da criança e respeitando as capacidades de acordo com a sua idade.

De que forma devemos estabelecer Regras e Limites?

Devemos, como pais, agir com sensatez, conhecer as capacidades da criança, antes de estabelecer expetativas a respeito dela e do seu comportamento.

Devemos ser explícitos, ou seja, devemos falar com clareza e de acordo com a idade da criança, pois as crianças podem não compreender as ideias que os adultos tentam comunicar. Permita que a criança repita as suas exigências, usando as suas próprias palavras para perceber se foi explícito(a).

Devemos ser justos, as crianças têm de saber o que pode acontecer quando desobedecem às regras e aplicar com justiça o reforço positivo e as consequências lógicas.

Por último devemos ser firmes a estabelecer as regras e os limites, pois estes são necessários e importantes, cumpra-os e faça-os serem cumpridos.



É importante para a criança, desde pequena, compreender que os pais constroem regras e limites para a proteger, organizar e facilitar a sua vida.










 







Como podemos estabelecer Regras e Limites aos nossos filhos(as)?
Deixo-vos aqui algumas sugestões, no entanto, faço a ressalva de que cada criança é única e o que resulta com uma não tem que resultar necessariamente com outra.

Reduzir o número de ordens – Em média nós, pais, damos 17 ordens a cada meia hora às nossas crianças, o que impossibilita a criança de as cumprir.

Dar uma ordem de cada vez - Não encadear as ordens umas nas outras e não dar ordens muito rapidamente, o que o(a) impede de dar o reforço positivo quando a criança cumpre.

Dar ordens realistas – Dar ordens adequadas às idades dos filhos(as) e que sabe que o seu filho(a) pode cumprir.

Dar ordens claras - Ordens que especifiquem o comportamento desejado em pormenor. Um exemplo uma ordem vaga é “Estás a entornar o leite todo.” que deve ser substituída por uma ordem clara como “Segura o copo com as duas mãos.”

Dar ordens afirmativas – Permite à criança distinguir entre um pedido, uma sugestão e uma ordem.

Dar ordens sem se zangar - Pais irritados encorajam a desobediência e incluem críticas ou comentários negativos aos flhos(as). As ordens devem ser expressas de forma positiva, calma e educada.

Dar ordens na positiva - Sempre que o seu filho faz alguma coisa que não gosta, pense num comportamento alternativo desejável e depois formule a ordem, sublinhado esse comportamento  positivo
 

                                   

 A intenção de avisar dos pais/cuidadores pode ser entendida pelas crianças como uma ameaça e gera mais comportamentos negativos da parte destas. Recorra a ordens que informem antecipadamente as crianças sobre as consequências exatas das suas ações.

Dê opções - Quando dá uma ordem ao seu filho(a) que implica a proibição de determinada atividade, é aconselhável incluir sugestões alternativas, por exemplo “Agora não podes ver televisão, mas podes vir fazer este puzzle comigo.”

Dar ordens curtas - Esforce-se por dar ordens claras, curtas e concisas. Se tem alguma explicação a dar com a ordem, esta deve ser breve e dada depois da criança obedecer.

Não dar ordens contraditórias - Pai e mãe, frequentemente, dão ordens contraditórias o que vai aumentar a desobediência da criança. Acontece, que muitas vezes, os adultos podem não se aperceber da ordem dada pelo outro. Assim, é importante prestar atenção às ordens dadas pelo outro e assegurar-se que a criança cumpriu a ordem do outro adulto antes de dar a sua.

O cumprimento ou incumprimento da ordem deve ter consequências - Reparar se os filhos cumprem ou não as suas ordens para evitar que estes as ignorem. Deve elogiar as crianças quando são cumpridoras, pois incentiva-as a colaborar e a dar atenção aos seus pedidos e às suas ordens.

Qual é a importância das Regras e dos Limites?

As Regras e Limites são importantes para regular e fortalecer os comportamentos adequados e minimizar as condutas indesejáveis. Promovem a adaptação das crianças ao meio social e ao ambiente escolar. Proporcionam segurança e tranquilidade à criança e permitem um controlo maior e mais eficaz das suas emoções. Desenvolvem o raciocínio lógico, a autonomia e responsabilidade em cada criança. Aumenta a aprendizagem sobre o respeito ao outro, bem como as regras e valores da sociedade.

Após estas e tantas outras questões que a educação dos nossos filhos nos vai colocando pela vida fora, nós, pais/cuidadores e educadores, não podemos perder de vista que, apesar das transformações pelas quais passa a família, esta continua a ser a primeira fonte de influência comportamental, emocional e ética das nossas crianças. Assim, é importante que nunca nos esqueçamos de dar amor, atenção e carinho aos seus filhos(as). O nossos amor jamais será excessivo se estabelecermos regras e limites. Devemos participar na vida dos nossos filhos, é imperativo arranjar tempo para brincar e estudar com eles(as), temos o dever de ser o exemplo positivo na sua vida e de ser alguém em quem eles possam confiar.

Não deseje, nem exija a perfeição ao seu/sua filho(a), nem às atividades que este(a) pratica, ganhar é bom e perder também faz bem. Deseje que os valores como a amizade, lealdade, ética, cooperação, bondade, respeito pela diversidade, solidariedade e equidade sejam, estes sim, os pontos fortes do seu/sua filho(a).

Paula Ribeiro
Psicóloga no Gabinete de Psicologia da Junta de Freguesia de Cacia
28-01-2019

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