Caros(as)
leitores(as) comecemos por falar de família , pois é o primeiro lugar onde uma
pessoa se desenvolve. Podemos considera-la como um sistema que integra vários
subsistemas como o Individual, o Conjugal, o Parental, o Filial e o Fraternal.
Ou seja, o que acontece com um dos seus membros, afeta todos os restantes e o
que cada um faz tem resultados em todos os outros.
A
família tem várias funções como a Proteção, Cuidados Básicos e a Educação, esta
última transmite aos nossos filhos os Valores, Crenças, Costumes, Regras e
Comportamentos que estes devem adquirir para viverem adequadamente na sociedade
onde se inserem.
Posto
isto, surgem frequentemente por parte dos pais/cuidadores as seguintes
perguntas que hoje partilho convosco.
Como aprendem as nossas crianças?
Aprendem
por observação e imitação de comportamentos, por experiência e por instrução de
regras por parte dos pais/cuidadores.
O que é necessário para que as nossas
crianças aprendam?
As
nossas crianças aprendem devido a um conjunto de variáveis das quais vou só
mencionar as que considero mais importantes para as crianças que não apresentam
problemas cognitivos.
A nível
ambiental é importante que as nossas crianças se movimentem num ambiente limpo,
seguro, organizado e onde existam rotinas implementadas.
Os pais/cuidadores
têm que ser um modelo comportamental positivo para as suas crianças, o que se
pode resumir na expressão “Faz aquilo que
eu faço.”
É de
suma importância estabelecer regras e limites com clareza, coerência e
consistência (não deixe que os seus filhos o vençam pelo cansaço).
Depois
de estabelecidas as regras deve o adulto monitorizar os comportamentos das
crianças e aplicar logo após o comportamento um reforço positivo ou uma consequência
lógica.
Reforço
positivo significa, elogiar a criança após o comportamento correto.
Quando
falamos em consequências lógicas soa um pouco estranho, mas acho que se dermos
exemplos será mais fácil compreendermos, uma consequência lógica é aquilo a que
os nossos pais chamavam de “castigo”, por exemplo:
•
Se a criança se recusa a comer ao jantar, então fica sem sobremesa.
• Se a criança fizer birra para não arrumar os
brinquedos, então fica sem o seu
brinquedo preferido durante esse dia.
• Se não arrumar a bicicleta no sítio, então não volta a andar nesse dia ou no dia seguinte.
As consequências
lógicas devem ser aplicadas logo após o comportamento errado ou sem grande
demora, para que a criança possa associar essa consequência a esse
comportamento e consequentemente aprender que não o deve repetir. É importante
desaprovar o comportamento e não a criança.
Falando mais
especificamente sobre Regras e Limites na Educação Parental, podemos afirmar
que as Regras são normas impostas, pelos pais/cuidadores aos filhos. Alguns
exemplos, “À hora da refeição, temos que comer todos juntos à mesa” e “Não
se vê televisão à hora da refeição”.
O Limite assinala
e mostra até onde nós ou o outro pode ir, sem nos fazer mal e/ou causar
sofrimento. Por isso mesmo devemos, como pais/cuidadores, impor limites aos
nossos filhos(as), devemos ensinar que os direitos são iguais para todos, que existem
outras pessoas no mundo, devemos fazer a criança compreender que seus direitos
acabam onde começam os direitos dos outros.
Devemos dizer “sim”
sempre que nos é possível e “não” sempre que é necessário e existir uma razão
concreta para tal. Para, nós adultos, sermos capazes de transmitir as Regras e
os Limites, implica sermos nós capazes de os aceitar.
As Regras e os
Limites devem ser primeiramente explicados brevemente à criança, posteriormente
devem ser colocados repetidas vezes, com paciência, progressivamente, com linguagem
adequada à idade da criança e respeitando as capacidades de acordo com a sua
idade.
De que forma devemos estabelecer Regras e
Limites?
Devemos, como
pais, agir com sensatez, conhecer as capacidades da criança, antes de
estabelecer expetativas a respeito dela e do seu comportamento.
Devemos ser
explícitos, ou seja, devemos falar com clareza e de acordo com a idade da
criança, pois as crianças podem não compreender as ideias que os adultos tentam
comunicar. Permita que a criança repita as suas exigências, usando as suas
próprias palavras para perceber se foi explícito(a).
Devemos ser
justos, as crianças têm de saber o que pode acontecer quando desobedecem às
regras e aplicar com justiça o reforço positivo e as consequências lógicas.
Por último devemos
ser firmes a estabelecer as regras e os limites, pois estes são
necessários e importantes, cumpra-os e faça-os serem cumpridos.
É
importante para a criança, desde pequena, compreender que os pais constroem
regras e limites para a proteger, organizar e facilitar a sua vida.
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Como podemos estabelecer Regras e Limites aos nossos filhos(as)?
Deixo-vos aqui
algumas sugestões, no entanto, faço a ressalva de que cada criança é única e o
que resulta com uma não tem que resultar necessariamente com outra.
Reduzir o número de ordens – Em média nós, pais, damos 17 ordens a cada meia hora às nossas crianças, o que impossibilita a criança de as cumprir.
Dar uma ordem de cada vez - Não encadear as ordens umas nas outras e não dar ordens muito rapidamente, o que o(a) impede de dar o reforço positivo quando a criança cumpre.
Dar ordens realistas – Dar ordens adequadas às idades dos filhos(as) e que sabe que o seu filho(a) pode cumprir.
Dar ordens claras - Ordens que especifiquem o comportamento desejado em pormenor. Um exemplo uma ordem vaga é “Estás a entornar o leite todo.” que deve ser substituída por uma ordem clara como “Segura o copo com as duas mãos.”
Dar ordens afirmativas – Permite à criança distinguir entre um pedido, uma sugestão e uma ordem.
Dar ordens sem se zangar - Pais irritados encorajam a desobediência e incluem críticas ou comentários negativos aos flhos(as). As ordens devem ser expressas de forma positiva, calma e educada.
Dar
ordens na positiva - Sempre que
o seu filho faz alguma coisa que não gosta, pense num comportamento alternativo
desejável e depois formule a ordem, sublinhado esse comportamento positivo
A intenção de avisar dos pais/cuidadores pode ser entendida pelas crianças como uma ameaça e gera mais comportamentos negativos da parte destas. Recorra a ordens que informem antecipadamente as crianças sobre as consequências exatas das suas ações.
A intenção de avisar dos pais/cuidadores pode ser entendida pelas crianças como uma ameaça e gera mais comportamentos negativos da parte destas. Recorra a ordens que informem antecipadamente as crianças sobre as consequências exatas das suas ações.
Dê opções - Quando dá uma ordem ao seu filho(a)
que implica a proibição de determinada atividade, é aconselhável incluir
sugestões alternativas, por exemplo “Agora
não podes ver televisão, mas podes vir fazer este puzzle comigo.”
Dar
ordens curtas - Esforce-se por dar ordens claras, curtas e concisas. Se tem
alguma explicação a dar com a ordem, esta deve ser breve e dada depois da
criança obedecer.
Não dar ordens contraditórias - Pai e mãe, frequentemente,
dão ordens contraditórias o que vai aumentar a desobediência da criança.
Acontece, que muitas vezes, os adultos podem não se aperceber da ordem dada
pelo outro. Assim, é importante prestar atenção às ordens dadas pelo outro e assegurar-se
que a criança cumpriu a ordem do outro adulto antes de dar a sua.
O
cumprimento ou incumprimento da ordem deve ter consequências - Reparar se os filhos cumprem ou não
as suas ordens para evitar que estes as ignorem. Deve elogiar as crianças
quando são cumpridoras, pois incentiva-as a colaborar e a dar atenção aos seus
pedidos e às suas ordens.
Qual
é a importância das Regras e dos Limites?
As Regras e Limites são importantes para regular
e fortalecer os comportamentos adequados e minimizar as condutas indesejáveis. Promovem
a adaptação das crianças ao meio social e ao ambiente escolar. Proporcionam
segurança e tranquilidade à criança e permitem um controlo maior e mais eficaz das
suas emoções. Desenvolvem o raciocínio lógico, a autonomia e responsabilidade
em cada criança. Aumenta a aprendizagem sobre o respeito ao outro, bem como as
regras e valores da sociedade.
Após
estas e tantas outras questões que a educação dos nossos filhos nos vai
colocando pela vida fora, nós, pais/cuidadores e educadores, não podemos perder de vista que,
apesar das transformações pelas quais passa a família, esta continua a ser a
primeira fonte de influência comportamental, emocional e ética das nossas crianças.
Assim, é importante que nunca nos esqueçamos de dar amor, atenção
e carinho aos seus filhos(as). O nossos amor jamais será excessivo se estabelecermos
regras e limites. Devemos participar na vida dos nossos filhos, é imperativo arranjar
tempo para brincar e estudar com
eles(as), temos o dever de ser o exemplo positivo na sua vida e de ser alguém
em quem eles possam confiar.
Não deseje, nem exija a perfeição ao
seu/sua filho(a), nem às atividades que este(a) pratica, ganhar é bom e perder
também faz bem. Deseje que os valores como a amizade, lealdade, ética,
cooperação, bondade, respeito pela diversidade, solidariedade e equidade sejam,
estes sim, os pontos fortes do seu/sua filho(a).
Paula Ribeiro
Psicóloga no Gabinete de Psicologia da Junta de Freguesia de Cacia
28-01-2019
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